Irei dividir com vocês uma experiência muito legal em minha vida, a qual eu pude dividir com meus amigos, Paulo Gama e Rafael Rodrigues, que moram comigo aqui na Academia de Kung Fu. Infelizmente não tenho fotos dessa aventura, pois seria meio incoerente usar uma maquina e também porque criei um código moral contra ficar batendo foto das coisas, espero que no futuro consigam retirar as fotos da memoria fotográfica, ai eu colocarei aqui. Enquanto não conseguem, tentarei fazer vocês verem a situação.
A semente da aventura eu acredito que tenha começado quando fomos a praia com um amigo nosso chamado (esqueci o nome), que nos contou que um dia, a muito tempo atrás, fugiu de casa e passou uma semana na rua, e nos contou que era muito complexo, muitas vezes cruel, mas que ao final ele se sentiu muito forte e muito livre. Acho que ele se sentiu assim pois teve que ser forte e percebeu que não ter casa não é o fim. Ele plantou a semente, já em outro dia o Rafa me disse que uma vez estava tão difícil ficar na academia, devido a bagunça, que ele quase foi dormir na rua. Então eu contei a ele que já dormi muito ao léu, nas vezes em que viajei pedindo carona, e que não achei nada assustador. Então as mentes se uniram e ele disse “vamos ver com o Paulo se ele esta afim de termos uma noite de mendicância?” isso eu acho que foi em uma terça, e só poderíamos fazer a aventura na sexta, pois no sábado o Paulo não teria que dar aula. Não falei, mas o Paulo topou, ele é adepto destas coisas, a religião dele é baseada no livro de Jhon Kracauer, que foi o livro que deu origem ao filme Na Natureza Selvagem, então vocês podem imaginar né. Enfim ele se empolgou e foi o resto da semana agente falando de como seria, mesmo sem saber.

Saímos era umas 20:00 horas, foi engraçado porque os vizinhos que moram aqui em cima estavam na frente do prédio, eu estava com minha manta verde embaixo do braço, e agente estava muito desarrumado, mendigos de verdade, não dissemos nada. Acredito que eles não devem ter entendido bulhufas, mas também não falaram nada. Saímos e fizemos um circuito mental, não saberíamos o que iriamos encontrar e fazer, mas a ideia foi agente cruzar o alecrim, que é um bairro pancadinha aqui de natal. Mas agente estava tranquilo, pois a primeira grande experiência foi psicológica, agente não precisava ter medo de nada, pois as pessoas tinham medo de nós, e digo a vocês as pessoas realmente associam pobreza a bandidagem. Esqueci de contar uma coisa, no começo, logo quando saímos, percebemos que não estávamos parecendo mendigos, não pelos trajes, mas porque estávamos sorrindo, se você vai ver quase todo mendigo teu um semblante sofrido, ele não anda pela rua sorrindo e muito menos em grupo, quase sempre é solitário. Então para nos integrarmos mais com a idéia começamos a falar pouco e paramos de rir, o que foi difícil, pois o nervosismo deixou todos os três muito engraçados. Mas por fim conseguimos, também começamos a mexer em alguns sacos de lixo em caçambas, tudo em nome da integração com a mendicância.
O primeiro evento legal foi cruzar com o pessoal que entrega comida aos mendigos, mas ficamos muito ressabiados e não paramos , não sabíamos o que iriam falar, pois todo mendigo tem uma historia para ele estar ali, e nós não podíamos dizer “a não seu moço, nós moramos ali na academia de Kung Fu Tao Kuan, estamos fazendo isso sei lá por que”. Até lembrei de uma piada que contei quando estávamos saindo, falei “porque agente não dorme aqui na frente da academia, aqui já é rua e agente pode até ver um filme no meu pc” tiveram outra piadas tipo “acho que vou levar meu cartão “. Mas voltando a historia, agente continuou a andar, decidirmos ir até a Ribeira, no caminho encontramos uns burros (animais, burro no sentido pejorativo só tinha agente ahah), e fomos no gramado com eles deitamos, fizemos carinho, as pessoas que passavam achavam estranho.

Após isto nós seguimos, chegamos a catedral aonde ficam muitos mendigos passamos por uma família e o Paulo jogou os cinco reais para eles sem dizer nada, acho que não devem ter entendido. Por fim nos aproximamos dos mendigos e percebemos que estavam entregando sopa, era um pessoal daquele igreja O Reino de Deus, desta vez não fugimos, mas eu e o Rafa ficamos muito quietos, só esperamos eles nos entregarem a sopa e o pão. Ficamos um pouco ali, o pessoal da igreja conversava com os mendigos, a maioria deitado, descobri que mendigo dorme muito sedo. Bem na real a maioria nem é mendigo eles dormem sedo e acordam sedo e vão trabalhar cuidando de carro, a maioria trabalha com estas coisas mais desvalorizada, o que para mim foi um grande choque. Eles são pessoas normais, e são totalmente esquecidas pela imensa maioria da sociedade, como se fosse ratos. Vi muitos poucos bêbados, e também não condeno, pois para aguentar uma vida dessa não é fácil e será que apenas nós temos direito a fugir da realidade? E olha que nossa realidade não é como a deles. E estes grandes seres que moram na rua são na verdade guerreiros, ainda mais aqueles que não se entregam ao roubo e as drogas, e até que ponto temos direito de cobrar decência daqueles que roubam e usam droga?

Depois que acordamos subimos até o décimo primeiro andar e contemplamos a vista, mas com certeza a beleza de lá de cima não superou a beleza que foi a experiência, que além de muito bela nos ensinou muito. Saímos daquela contradição que era um prédio abandonado com tanta gente sem casa e voltamos para a academia.
No caminho de volta pensamos em como é terrível a vida destes seres, pois nós fizemos isso por uma noite mas pensamos como deve ser complexo para aqueles que não sabem quando e se isso vai acabar. Tentem imaginar o que é não ter um casa, um banheiro, não ter nem armário, quanto menos roupas, e mesmo assim ter que lutar todo dia para continuar vivos, ainda tendo que respeitar leis e princípios, criados por pessoas que estão muito longe desta outra realidade.
Agora que já escrevi o texto, acho que errei, pois a melhor palavra para defini-los não é mendigo, mas morador de rua, peço desculpa aos moradores de rua, mesmo sabendo que eles não leram este blog e isso ferve meu sangue.
(desculpem os erros de pontuação, estou procurando me aperfeiçoar)
Eu ri aqui Na hra q o cara entro com a faca na mão acordando vocs uHAUHha Cena de filme hahaha'
ResponderExcluirValeu Cassiano, tem que comentar.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCara, eu diria uma bela aventura, com certeza se passaram coisas nas cabeças de vcs que nem se deve imaginar, isso ai e pra muitos que desprezam ou subjulgam essas pessoas, mas eles sao gente como a gente, a diferença e que eles nao tem nada e sobrevivem como podem. Parabens.
ResponderExcluirObrigado por expreçar sua opnião Osmar. Realmente eles não tem nada e até a esperança lhes é roubada, pois assim como não tem eles tambem não tem perspectiva de ter. Entretanto estão inceridos em uma sociedade que diz que para ser feliz é preciso ter.
ResponderExcluirFilipe.. Um dos caras mais excêntricos que já conheci... Só vc mesmo pra se aventurar dessa forma! Viajei lendo esse post! hahaha.. Muito foda! Parabéns pra vcs que se aventuraram pra contar a realidade dessas pessoas que como vc disse, são "guerreiras", que matam um leão todo dia pra poder sobreviver...
ResponderExcluirOpa!!!!!!! Japa, cara saudades de vocês, valeu pelo comentário e manda um abração para o Elvis ahhahah Abração.
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