Ocorreu algo muito singelo, mas muito interessante estes dias atrás. Sai aqui perto de casa para dar uma volta, comprei um sorvete, não sou muito de sorvete, mas estava muito tenso o calor, e estava precisando consumir algo ( essa sensação é muito estranha). Mas continuando. Comprei o sorvete, paguei um real, sabor goiaba, o que eu achei muito barato, se pensar em âmbito de Kibon. Em fim comprei o sorvete e me sentei em uma calçada na entrada de uma casa, de repente escuto uma voz.
Do outro lado da rua tinha um salão de beleza, era um sobrado, e na parte de cima, na varanda, vejo uma menina sentada com um violão, ela deveria ter entre 16 e 18 anos, já era noite, não dava para ver direito, mas era uma menina nova, cabelo castanho, não sei se ela era bonita, dentro do juízo de gosto do Kant ela era bonita, já para os socráticos eu diria que não. Mas eu não estava pensando nisso. Sei que ela me viu, pois ela olhou algumas vezes, provavelmente por vergonha ou curiosidade, não que eu seja modesto, mas é que estava escuro. Bom ela viu que eu estava ali, ela estava sentada em uma cadeira e em um banco, o que eu imagino fosse um livro com letras e partituras, pois sempre estava a olhar. A voz dela era uma voz doce, quase de criança, o que tornou a situação mais fascinante ainda, volto a dizer que para mim foi tudo muito puro. Mas enfim eu estava lá em baixo com meu sorvete e ela lá com seu violão, deu para perceber que ela estava aprendendo, pois ela sempre olhava o caderno e não tinha segurança nas notas, apesar de já tocar bem, ainda mais para mim que como musico sou um ótimo ex-surfista. Foi algo muito legal, pois a primeira musica era um do Zé ramalho que eu adoro. Não lembro o nome agora, mas foi muito legal, eu ali sentado muito tranquilo e ainda escutando Zé Ramalho. Por fim a musica acabou, eu não estava olhando muito para não fazer ela se sentir reprimida, mas pude ver que ela virou a pagina, achei muito legal, pois outra pessoa poderia ter entrado e isso de ela terminar a musica e depois começar outra. A rua deserta deu muito a impressão de uma serenata ao inverso. Até ai já valia, estava de bom tamanho, mas a próxima musica foi ainda melhor, era aquela Não chore mais, a versão do Caetano, eu adoro essa musica, me faz lembrar-se das reuniões com os amigos, tanto em Ponta Grossa, quando nos reuníamos para falar de politica e religião, assim como na faculdade em Maringá quando ficávamos no gramado.
Eu poderia ficar sentado ali neste show particular por muito tempo, mas como o sorvete acabou eu não quis constrange-la, fui embora. Sei que ela percebeu que eu não fiquei indiferente a sua musica, fui embora ao final e foi muito legal, pois ela olhou e fiz um pequeno aceno com a cabeça, o que não sei se deu para ela entender que era um parabéns, pois foi um aceno muito singelo, assim como toda a situação.
Filipe Zander Silva
Natal - RN 11/09/2011
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